Tempo para você
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Tempo para você: se deliciar
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Tempo para você: se deliciar

Hoje entrevisto a Tâmara Wink, sócia criadora do clube "Muito prazer", sobre vitalidade, autocuidado e, claro, prazer.
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Instagram da Tâmara Wink aqui. E do Clube Muito Prazer! aqui. Para mais informações, acesse o site: https://muitoprazer.club/

Tâmara cita um filme na conversa, é o Boa sorte, Leo Grande, está disponível para alugar em algumas plataformas de streaming. O que eu cito está nas dicas logo abaixo.

{Este episódio não foi patrocinado e nem tem fins publicitários.}

Edição e direção de som: Rodolpho Almeida*

Trilha sonora original: Rodolpho Almeida*

*Também conhecido como marido. Obrigada, meu amor.


1.O amante de Lady Chatterley (2022): tirem as crianças da sala e preparem o fôlego. O filme, disponível no Netflix, é a mais recente adaptação do livro de mesmo nome, escrito pelo britânico D. H. Lawrence em 1928. Na época, causou escândalos na sociedade e recusas editoriais devido às cenas explicitas de sexo entre as páginas do romance. Lawrence conseguiu publicar inicialmente em Florença, de forma confidencial, e depois fez alterações no manuscrito para conseguir ser bem recebido em Londres. No final, foram impressas três versões diferentes. Sendo assim, dá para imaginar o que vem na tela. 

Capa belíssima da Antofágica. Foto: Editora Antofágica.

Mas, que história tão polêmica é essa? Constance Chatterley, uma mulher de família burguesa e liberal nos costumes, se casa com um homem que até então também não dá muita importância para as morais da virgindade. Logo após o casamento, Clifford vai lutar na Primeira Guerra e volta paralisado da cintura para baixo e por isso decide morar numa propriedade rural e afastada. Lá, o casal se distancia, incluindo na cama. Chatterley que gostava de festas e vida social, se sentindo sozinha e entristecida, começa a sair para passear na região, e assim conhece pessoas locais e um guarda-caças chamado Mellors. A partir daí a trama se desenvolve e mais que isso, dou spoilers

Foto: Adoro Cinema

Tendemos a enxergar produções eróticas como obras mais mequetrefes, sem muita emoção e qualidade. Neste filme, dirigido pela atriz e diretora francesa Laure de Clermont-Tonnerre, não é bem assim. O cenário é idílico e a fotografia belíssima. Lady Chatterley é interpretada perfeitamente pela atriz Emma-Louise Corrin, a mesma que faz a Princesa Diana na série britânica The Crown. O Mellors é do ator Jack O'Connell, mais conhecido por séries do mesmo país, que também leva bem as cenas sexuais sem dar um tom de pornográfico. Toda a obra é caracterizada através da delicadeza e do prazer. 

Falando nisso, este foi o tema do podcast que está no começo desta newsletter (já ouviu?! Corre lá). O filme, além de tirar nosso fôlego, tem outro papel importante. Lady Chatterley não arreda o pé sobre seu desejo. Ela quer se sentir satisfeita, procura ajuda do marido, busca opções, não se contenta com qualquer coisa. Não falo só do sexo em si, é sobre a vida. Ela sabe que não nasceu para viver em uma casa sem fazer nada e sendo excluída até de conversas. Tem um momento no roteiro em que Chatterley está mais apagada, perdida, e sem viço; é com o suporte de sua irmã que ela irá se reencontrar. Não li o livro, há boatos de que o autor viveu algo semelhante, mas se foi escrito tal qual a adaptação cinematográfica, há de se tirar o chapéu para o cavalheiro. Se não, quem salvou foi Lauren, a diretora. Alguém já leu? Nos conte nos comentários. 

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Fica então a recomendação. Para apimentar um dia qualquer e para lembrar que viver com prazer é vital.

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2.Escrevendo com a alma (2008) {O original Writing down the bones é de 1986}, Natalie Goldberg: não lembro quem indicou este livro para mim, talvez tenha sido alguma professora e se foi peço desculpas pela memória, talvez tenha visto em algum perfil de Instagram. Lembro que era uma dica boa, de alguém que admiro, e por isso comprei. Apesar de ter sido uma indicação confiável, confesso que não dei muita bola devido ao título. Me surpreendi, Natalie não fala apenas para escritores que querem publicar qualquer coisa e sim para todo mundo que precisa por para fora sentimentos, ideias, histórias. 

Edição americana de 2016, comemorando a 30 edição. Foto: editora Shambhala

Acredito que a escrita é uma ferramenta muito eficiente em termos terapêuticos. Há pesquisas que comprovam esse feito {leia mais aqui} e muitos psicólogos usam a técnica em atendimentos e cursos.

Escrevo, com intenção de narrar a mim mesma, desde os 13 anos. De forma consistente, desde os 20 anos. Sempre que me encontro encurralada com alguma questão da vida, é à escrita que recorro. Ela organiza minha bagunça mental. Depois das palavras jogadas no papel, sinto alívio. Passado um tempo, ganho estrutura.

"Temos uma vida; os momentos que vivemos são importantes. Ser escritor é ser o portador dos detalhes que fazem parte da nossa história, é reparar na mobília cor de laranja da lanchonete de Owatonna."

O livro é um convite para você contar sua história, dos seus, do seu lugar, seus sentimentos, o que você quiser. Natalie é budista, tem origens judias, e coloca umas pitadas da sua crença nas páginas. Nada piegas. Tem trechos de conversas com monges, ditados zen, sugestões aprendidas com meditação. Em nenhum momento, a autora incentiva a prática em si do budismo, mas da escrita como forma de atingir uma paz possível. 

"Ao falar, fale. Ao caminhar, caminhe. Ao morrer, morra, ditado zen."

Se você já escreve, seja para o Instagram, uma newsletter, jornais, revistas ou para publicar um livro, é um daqueles livros para te reacender quando anda meio sem energia. Se seu desejo é escrever diários terapêuticos, digo que este livro é um deleite. Não está no mercado há mais de 35 anos à toa. Simples, concreto e subjetivo ao mesmo tempo, fácil de ler; desperta a alma mesmo. 

"Escrevemos porque amamos o mundo". Mesmo maluco como está, amamos mesmo, como não?! Boa leitura! 

{As dicas não são patrocinadas e nem tem fins publicitários.}


Não é tabu voltar atrás e buscar o que esqueceu,

Sankofa (provérbio de Gana)


Uma semana deliciosa para nós,

beijos,

Gabi


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Gabi Albuquerque