Touro com ascendente em escorpião e lua em câncer
Sobre meu mapa astral ser uma piada ou como as mudanças repercutem aqui dentro
Mudei de escola seis vezes. De casa, esta será a nona. Em alguns lugares passei anos, noutros talvez nem um inteiro. Quando ainda criança, dizia que ao ser adulta, não seria andarilha. Estava cansada daquele negócio de ser novata. Nunca tive talento para isso. Aí descobri as viagens, o mundo, a escrita e decidi cursar jornalismo. Então, passei a planejar o seguinte: moraria em sp, trabalharia com reportagem de viagem (apenas!) e depois me aquietaria em algum lugar; os detalhes dessa última parte deixei para o destino. Seria preciso um porto seguro na maturidade pois sabia que queria filhos e também porque taurinas precisam de um solo firme.
Nada aconteceu como planejado. Mas, o desejo pelos filhos permanece, agora cada vez mais próximo e com menos regras de onde tem de ser. Além disso, ser andarilha também ficou por alguma razão. E ser novata segue me dando reboliços internos. Com uma mente fortemente catastrófica, prevejo dias de solidão. Dessa vez, ao menos, estarei bem perto do mar, poderei fazer pausas com cheiro de maresia.
Escrevo este texto me sentindo confusa e com a sensação de que ele está uma bagunça, assim como eu e minha casa. Receio dar um tom de mulher sofrida mudando de cidade pelo trabalho do marido e fazendo sacrifícios do século passado (ou que deveriam ter ficado por lá). Não que às vezes eu não faça piadas com ele sobre isso e provoque algumas turbulências. risos
Não sei o porquê, talvez pelo meu ascendente em escorpião, supero todos os "apesares" das mudanças e sou a primeira a dizer: vamos. A gente segue também por mim. Me divirto com as novas possibilidades de viver e até o estresse para encontrar apartamento ganha ares de cômico e me dá criatividade para escrever. Tenho horror ao tédio, como já comentei por aqui, e essa vida cigana me ajuda a estar próxima das aventuras sem pular de paraquedas (se dependesse disso, seria um problema porque eu jamais faria essa sandice).
Ao mesmo tempo, meus caros, o universo me enviou meio dramática, nesse caso deve ser a lua em câncer, portanto falo do assunto que me inquieta de forma persistente (o adjetivo irritante também faz sentido haha). Tenho esse tal medo da solidão porque quero receber amigos em casa para cafés e vinhos. Quero logo reconhecer o pessoal do mercado e da feira. Ter meu lugar predileto no ifood. Essas pequenezas me dão estrutura.
Neste momento estou sem vigas. Os dias estão parecendo o filme A origem (2010); aquele que fica caindo as coisas de outras dimensões do mundo e tudo vai dobrando como paredes móveis. Talvez esta leitura esteja provocando isso em você. Peço perdão porque preciso ir justo agora que te dei a ideia de estar em meio a dobras do tempo e espaço.
A casa precisa ser posta em caixas. Há uma mala a ser feita com itens de sobrevivência e papéis importantes. Já sei todo o passo a passo e protocolos para fazer esses movimentos, ao menos em território nacional. Meu coração não terei como arrumar, com esse mapa astral vou padecer dos "recomeços" para todo sempre.
Partiu, Rio de Janeiro. Manoel Carlos que lute porque estou pronta para ser Helena.
A música de hoje me veio enquanto voltava para casa, a de sp, de um almoço divertido com as amigas que fiz aqui. Vi a paisagem, os carros, as existências. Me senti realizada, era esse o plano afinal: ver o mundo e viver o tempo.
Dá uma vontadeee
No começo deste ano, escrevi no meu planner a frase "coragem para desejar o meu desejo", a ouvi de uma astróloga - sim, estamos astrais hoje - no Instagram (ela que fez meu mapa, por sinal). Chegando ao quinto mês de 2023, penso que poderia colocá-la de outra forma. É preciso bancar o desejo depois dele realizado. O que vem no pacote você dá conta?
É possível sonhar, angariar forças internas e conseguir ser CEO de uma grande empresa - e ainda ser das boas. É factível desejar um amor arrebatador e vivê-lo. É bonito querer viajar o mundo na própria companhia. É preciso mesmo coragem para querer tudo isso e outros sonhos, para falar em voz alta. Agora, para sustentar a fantasia realizada, os perrengues, as perdas (sempre tem, sempre!) e o fôlego, é outra história. Haja força.
Este é o tema e o debate do clube este mês: sustentar o desejo. Escolhi o livro O jovem (2022), da francesa e recém Nobel, Annie Ernaux. Nessa publicação curtinha, a autora conta sobre um relacionamento que teve, aos 54 anos, com um estudante trinta anos mais novo. Claro, ela sendo ela, não é "apenas" isso e essa história se torna pano de fundo para falar sobre libido, ser mulher, classes sociais e afins.
No filme, voltei um pouco no tempo e lembrei do Educação (2009). A obra conta a história de Jenny (Carey Mulligan), uma menina de 16 anos que se dedica aos estudos tradicionais até se apaixonar por David (Peter Sarsgaard), um homem mais velho e com um estilo de vida bem diferente do dela. Com pouca idade, ela vai precisar decidir qual dos seus desejos deve ser levado para frente: a escola ou a vida quase etérea com ele? O roteiro foi o primeiro do escritor Nick Hornby - autor do Alta fidelidade (1995) - e é baseado nas memórias da jornalista Lynn Barber. Foi indicado ao Oscar nas categorias: melhor filme, roteiro e atriz.
Não vou tecer minhas impressões e análises neste e-mail, vou guardar no potinho para depois da leitura e do filme e para o grande encontro do Clube Tempo para você que será dia 28/05, 16h.
O que vem por aí
Ando prometendo novidades na versão premium e contar projetos novos, mas vai ficar para meados de maio, quando estiver instalada no novo lar. Agora, muitas abas estão abertas no meu ser.
Mas, aguardem aí que consegui gravar o próximo podcast e minha convidada é a maravilhosa Lalai, da
. Foi um super papo e tenho certeza que irão amar. No ar dia 15/05!Uma semana menos bagunçada que a minha,
beijos,
Gabi.
"Muitas abas abertas no meu ser" é uma expressão que já vou levar por aí hoje! Perfeita!
Que o Rio te receba que nem o Cristo, de braços abertos. hehehe
amei seu texto gabi, e me reconheci muito nele! fiz uma mudança radical de vida, saí de SP pra NYC por uma transferencia do trabalho e entendo perfeitamente seu comentario sobre A Origem!