gabi, seu texto bateu forte aqui :~ é muito horrível perceber o quanto temos medo até em coisas da rotina e, muitas vezes, isso se intensifica por sermos mulheres. nesses últimos dias, quando algum motorista do uber me perguntava sobre política ou começava a falar qualquer coisa, eu sempre tinha que dizer "não sei" ou cortar o assunto e ficar calada por medo de algo ruim acontecer :((( o resultado ontem me deixou com medo, mas como você falou, precisamos manter a esperança e acreditar no melhor. vamos continuar seguindo e torcer por esse segundo turno <3 um abraço apertado em ti, se cuida e boa semana :')
Priscilla, obrigada por me escrever. É exatamente isso; nos últimos meses não falo sobre política com uber nem em restaurante. A que ponto chegamos, né? A esperança segue, sairemos dessa. Beijos
Esta cada vez mais cansativo ser mulher. De um lado o desejo de resgatar o feminino, do outro uma necessidade de trazer cada vez mais o masculino como proteção.
Eu penso, amiga, que o buraco é muito mais embaixo. É é isso que me dá um certo desespero. Vejo pouquíssimas mães de meninos (falo pela minha amostra - colégio da Duda) preocupadas em criar HOMENS. Sabe homem com H maiúsculo? Esses. Homens que respeitam, que sabem que não é não, que não veem a mulher como uma carne exposta no Acougue, que sequer falam um palavrão na frente delas.
Mas por outro lado, também vejo as mães de meninas, criando mulheres com M de masculino. Meninas que não sabem aceitar uma gentileza de um menino que a mãe cria ensinando isso. Meninas que falam palavrão, que querem competir na força com homens (e mulheres). Meninas que julgam outras(com 11 anos, tá?), que desejam o mal verbalmente, que xingam. Isso está acabando com a saúde dessa geração e das próximas que estão por vir.
Da minha parte, porque acredito muito na união de pedacinhos de várias partes, eu procuro ensinar pra Duda que tem que saber receber uma gentileza sim. Deixar o menino pegar a borracha, carregar a mochila, pagar um açaí. Por que não? Ao mesmo tempo, ensino que ser feminina não é sair mostrando “tudo”. Feminina, energia psíquica, necessária pra gente ser criativa, intuir quando um motorista está querendo nos levar por outra rota ou até mesmo pra sair fora de uma relação que o “corpo” diz que não é legal. Feminina pra SER, pra não ser tão linear e pau na mesa, pra ser mais sutil e ficar atenta aos detalhes.
Está difícil. Mas vou usar a mesma palavra que você usou: esperança. Eu tenho esperança de que se nós fizermos a nossa parte, talvez, exista uma “cura”.
Amei o texto dessa semana. E acabei deixando um também. 😂❤️
Haha acho ótimo o comentário texto, faço igualzinho. Se torna uma conversa de mesa de bar.
Bom, eu concordo com você em boa parte dos ditos. Há que se endurecer sem perder a ternura; é como busco viver. Acredito também nas questões que podemos titular de espirituais. Dado que não posso provar cientificamente qualquer influência, exceto a do estresse, a minha crença se torna uma escolha pessoal. Do mesmo jeito que não desejo ser reprimida por falar em Deus não posso impor verdades espirituais minhas a outras pessoas.
Dito isto, vamos ao assunto em si. Meu lado científico e jornalístico, acredita em Maslow quando ele define a pirâmide das necessidades humanas. Tendo às necessidades básicas garantidas, as próprias pessoas buscam os próximos níveis de bem estar pessoal e social. Ou seja, se tenho comida, casa, saúde etc, passo a ter espaço mental para pensar em espiritualidade, autoestima, feminino, masculino, solidariedade… e, portanto, decidir também quais caminhos seguir nessas esferas. Dado que o Brasil tem mais de 80% da população sem essas necessidades atendidas de forma efetiva, já começa o problema. Nós pertencemos a um grupo que engloba menos de 5% de toda população. Dentro deste contexto, temos segurança, casa, comida, acesso a plano de saúde e prevenção, educação, saneamento básico, sono garantidos. Mesmo que ocorra situações inesperadas, não perderemos tudo.
Ainda há outro recorte, neste caso posso falar apenas sobre nós duas; temos um lar sem violência doméstica ou patrimonial, com respeito. Falo que é nós porque não posso garantir que uma mulher de classe mais alta não sofra violência; é na verdade o perfil que sofre e menos tem coragem da denúncia. Quase 70% dos lares brasileiros são sustentados por mulheres financeiramente e esse sustento é sustento mesmo. Ou seja, com a conta no limite. Inúmeras crianças não têm convivência com o pai porque o mesmo simplesmente as abandonam com a mãe.
Estamos falando também de mulheres, mesmo na classe média, que vivem ou viveram oprimidas. Não puderam escolher nem mesmo o livro que iriam ler. Eu tive colegas assim e nasci no fim dos anos 1980. Fora coisas que não poderíamos fazer alguns anos atrás, poucos até, e hoje podemos como o voto, o divórcio com separação de bens, a herança em caso de viuvez, a guarda do filho e até nadar profissionalmente, como a Duda consegue fazer hoje. Escrever nos exigia publicar com nomes fictícios. Não vou nem entrar na questão mulher negra porque aí já dá outro texto maior que esse.
Como podemos esperar que todas essas mulheres que estão na batalha para sobreviver vão ter condições de ultrapassar sem alguma dureza?! Elas ainda estão na camada 1 da pirâmide. E mesmo que suas amigas e as mães de coleguinhas da Duda tenham também segurança financeira, elas provavelmente não têm ou não tiveram liberdade de escolha. E o justo é poder escolher, independe do que julgo ser melhor.
No comentário que você escreveu, pelas mesmas razões que cito, mostra como ainda estamos entranhadas no machismo. “Mães” não estão criando meninos Homens. E os pais? Como eles estão sendo exemplo? Que tipo de conduta está sendo feita dentro dos lares que leva esses meninos e meninas a se comportarem assim?
Enfim… o buraco é mesmo mais embaixo e bem maior que nossa bolha. Acredito que as discussões podem andar em paralelo e adoraria um mundo com equidade e isso significa que seja liderado por ambos os gêneros. Mas, compreendo quando há um comportamento trator, como você diz, nas mulheres. A maioria delas está apenas tentando se manter em pé segurando um peso maior e isso está exigindo braços muito fortes. Um beijo grande e taquei outro textão. kkk
Esse teu texto. Essa tua reflexão. Hoje.
Hoje <3.
Respirando fundo aqui!
já já, o grito sai!
gabi, seu texto bateu forte aqui :~ é muito horrível perceber o quanto temos medo até em coisas da rotina e, muitas vezes, isso se intensifica por sermos mulheres. nesses últimos dias, quando algum motorista do uber me perguntava sobre política ou começava a falar qualquer coisa, eu sempre tinha que dizer "não sei" ou cortar o assunto e ficar calada por medo de algo ruim acontecer :((( o resultado ontem me deixou com medo, mas como você falou, precisamos manter a esperança e acreditar no melhor. vamos continuar seguindo e torcer por esse segundo turno <3 um abraço apertado em ti, se cuida e boa semana :')
Priscilla, obrigada por me escrever. É exatamente isso; nos últimos meses não falo sobre política com uber nem em restaurante. A que ponto chegamos, né? A esperança segue, sairemos dessa. Beijos
Esta cada vez mais cansativo ser mulher. De um lado o desejo de resgatar o feminino, do outro uma necessidade de trazer cada vez mais o masculino como proteção.
Eu penso, amiga, que o buraco é muito mais embaixo. É é isso que me dá um certo desespero. Vejo pouquíssimas mães de meninos (falo pela minha amostra - colégio da Duda) preocupadas em criar HOMENS. Sabe homem com H maiúsculo? Esses. Homens que respeitam, que sabem que não é não, que não veem a mulher como uma carne exposta no Acougue, que sequer falam um palavrão na frente delas.
Mas por outro lado, também vejo as mães de meninas, criando mulheres com M de masculino. Meninas que não sabem aceitar uma gentileza de um menino que a mãe cria ensinando isso. Meninas que falam palavrão, que querem competir na força com homens (e mulheres). Meninas que julgam outras(com 11 anos, tá?), que desejam o mal verbalmente, que xingam. Isso está acabando com a saúde dessa geração e das próximas que estão por vir.
Da minha parte, porque acredito muito na união de pedacinhos de várias partes, eu procuro ensinar pra Duda que tem que saber receber uma gentileza sim. Deixar o menino pegar a borracha, carregar a mochila, pagar um açaí. Por que não? Ao mesmo tempo, ensino que ser feminina não é sair mostrando “tudo”. Feminina, energia psíquica, necessária pra gente ser criativa, intuir quando um motorista está querendo nos levar por outra rota ou até mesmo pra sair fora de uma relação que o “corpo” diz que não é legal. Feminina pra SER, pra não ser tão linear e pau na mesa, pra ser mais sutil e ficar atenta aos detalhes.
Está difícil. Mas vou usar a mesma palavra que você usou: esperança. Eu tenho esperança de que se nós fizermos a nossa parte, talvez, exista uma “cura”.
Amei o texto dessa semana. E acabei deixando um também. 😂❤️
Haha acho ótimo o comentário texto, faço igualzinho. Se torna uma conversa de mesa de bar.
Bom, eu concordo com você em boa parte dos ditos. Há que se endurecer sem perder a ternura; é como busco viver. Acredito também nas questões que podemos titular de espirituais. Dado que não posso provar cientificamente qualquer influência, exceto a do estresse, a minha crença se torna uma escolha pessoal. Do mesmo jeito que não desejo ser reprimida por falar em Deus não posso impor verdades espirituais minhas a outras pessoas.
Dito isto, vamos ao assunto em si. Meu lado científico e jornalístico, acredita em Maslow quando ele define a pirâmide das necessidades humanas. Tendo às necessidades básicas garantidas, as próprias pessoas buscam os próximos níveis de bem estar pessoal e social. Ou seja, se tenho comida, casa, saúde etc, passo a ter espaço mental para pensar em espiritualidade, autoestima, feminino, masculino, solidariedade… e, portanto, decidir também quais caminhos seguir nessas esferas. Dado que o Brasil tem mais de 80% da população sem essas necessidades atendidas de forma efetiva, já começa o problema. Nós pertencemos a um grupo que engloba menos de 5% de toda população. Dentro deste contexto, temos segurança, casa, comida, acesso a plano de saúde e prevenção, educação, saneamento básico, sono garantidos. Mesmo que ocorra situações inesperadas, não perderemos tudo.
Ainda há outro recorte, neste caso posso falar apenas sobre nós duas; temos um lar sem violência doméstica ou patrimonial, com respeito. Falo que é nós porque não posso garantir que uma mulher de classe mais alta não sofra violência; é na verdade o perfil que sofre e menos tem coragem da denúncia. Quase 70% dos lares brasileiros são sustentados por mulheres financeiramente e esse sustento é sustento mesmo. Ou seja, com a conta no limite. Inúmeras crianças não têm convivência com o pai porque o mesmo simplesmente as abandonam com a mãe.
Estamos falando também de mulheres, mesmo na classe média, que vivem ou viveram oprimidas. Não puderam escolher nem mesmo o livro que iriam ler. Eu tive colegas assim e nasci no fim dos anos 1980. Fora coisas que não poderíamos fazer alguns anos atrás, poucos até, e hoje podemos como o voto, o divórcio com separação de bens, a herança em caso de viuvez, a guarda do filho e até nadar profissionalmente, como a Duda consegue fazer hoje. Escrever nos exigia publicar com nomes fictícios. Não vou nem entrar na questão mulher negra porque aí já dá outro texto maior que esse.
Como podemos esperar que todas essas mulheres que estão na batalha para sobreviver vão ter condições de ultrapassar sem alguma dureza?! Elas ainda estão na camada 1 da pirâmide. E mesmo que suas amigas e as mães de coleguinhas da Duda tenham também segurança financeira, elas provavelmente não têm ou não tiveram liberdade de escolha. E o justo é poder escolher, independe do que julgo ser melhor.
No comentário que você escreveu, pelas mesmas razões que cito, mostra como ainda estamos entranhadas no machismo. “Mães” não estão criando meninos Homens. E os pais? Como eles estão sendo exemplo? Que tipo de conduta está sendo feita dentro dos lares que leva esses meninos e meninas a se comportarem assim?
Enfim… o buraco é mesmo mais embaixo e bem maior que nossa bolha. Acredito que as discussões podem andar em paralelo e adoraria um mundo com equidade e isso significa que seja liderado por ambos os gêneros. Mas, compreendo quando há um comportamento trator, como você diz, nas mulheres. A maioria delas está apenas tentando se manter em pé segurando um peso maior e isso está exigindo braços muito fortes. Um beijo grande e taquei outro textão. kkk