Uma dose de amor

é dia de namoro, de se abobalhar e se encantar

jun 12, 2024

Está nas coisas mais simples e mais singelas dos nossos dias. Quando você me olha ao acordar e diz que me ama. Quando você conta do seu dia e divide comigo suas ideias e também suas angústias. Quando a gente assiste Friends e rimos juntos. E também quando temos os papos filosóficos mais cabeçudos. Quando você diz que sou incrível e que vai dar tudo certo nos meus projetos. Quando eu estou na fase da dor e você me abraça na madrugada dizendo que vai me curar com amor. Quando você me leva pro café após o almoço e pede bolinho sem glúten para mim.

Quando você me leva para tomar vinho, quando você me liga e me diz que vamos viajar tipo semana que vem, quando você me faz arriscar e ao mesmo tempo fazer planilhas de Excel, quando você me leva nos meus lugares favoritos e também quando entende minhas tpms e me assiste comer como se não houvesse amanhã, aí no amanhã você me faz massagem na barriga. Quando ficamos em silêncio, cada um lendo seu livro. Ahhh e quando você me presenteia com livros inspiradores o que me faz falar do assunto um mês e você ouve todos os dias. Quando gargalhamos todas as noites antes de dormir no "momento piadinhas".

Está nos momentos imperceptíveis aos olhos distraídos. No almoço trivial, na feira e no supermercado. No banheiro limpo, na louça lavada. Nos minutos de silêncio necessários a cada um. Em deixar dormir mais um pouquinho. Nas decisões. Nos incentivos. No beijo de até já. Nos links enviados para o outro porque achou que ia gostar. Nos carinhos aleatórios. Em aceitar, inclusive a si mesmo. Nas nossas mudanças internas e externas. Nas vezes que precisei chorar. Nas vezes que senti medo. Nas vezes que demos as mãos para as conquistas e dificuldades. Na nossa incrível parceria. Na nossa não mesmice. Nos novos olhares. Novos aprendizados.

Nos dias de ovo virado, especialmente neles diria. Nos cafezinhos servidos no meio da tarde. Nos chás de antes de dormir. Na bagunça da mesa sem tempo de arrumar. No excesso de coisas guardadas e acumuladas mesmo sem trazer alegria, como não recomenda Marie Kondo. Nas coisas banais e não banais. Em qualquer coisa que seria ridícula se fosse fora do amor. Um apelido, uma voz, uma fantasia. Nas perdas e dores e lutos. Nos altos e baixos. Na sutileza da presença. Na rotina. Está no singelo, mas não se engane, está também no trabalho do cuidado.

Está na realidade. Na mesa meio caótica, cheia de frutas e feiras não guardadas. Nas roupas e pratos para lavar e para guardar. Nas plantas vivas e nas meio mortas. Nas taças de vinho de ontem no centro da sala de estar. No mau humor. Na bagunça de dentro e de fora. No desencontro, vez por outra necessário. No sofá com as marcas de onde sentamos todos os dias. Nas figurinhas do Whatsapp. Na fofoca, essa é recomendada por 10 de 10 terapeutas, segundo fontes da minha cabeça. No delivery por preguiça. No colo.

Está, afinal, para estranheza dos desatentos, nas pequenas façanhas de uma vida comum essa tal coisa chamada amor.

A ideia era estar de repouso e estou, mas tive vontade de enviar um pouco de amor neste dia, o dos namorados, e aí editei trechos de textos anteriores, incluindo meus votos de casamento, e construi esse combo. Um ótimo dia por aí com ou sem par. Dá para amar muito o cotidiano mesmo na solitude e também dá para se sentir feliz pelo outro, pela vibração.

Amor literário