Seus sonhos estão vivos?
Quando deixamos nossos sonhos no fundo do baú, eles não somem. Ficam lá, nos aguardando.
Por esses dias consegui me redimir do que agora considero um pecado artístico e assisti o filme As pontes de Madison (1995), dirigido por Clint Eastwood - também intérprete do personagem principal. Me preparei, no entanto, para o que dizia a sinopse do Google: história de amor comovente sobre um fotógrafo da revista National Geographic, incumbido de fotografar as pontes de Madison, em Iowa. Lá, ele conhece uma dona de casa, cujo marido e filhos estão viajando. Os dois vivem um breve e intenso romance. Minha versão, depois da experiência, seria um pouco diferente:
"O roteiro foi inspirado em um livro de mesmo nome e retrata a história de Francesca, personagem de Meryl Streep, uma mulher italiana casada com um americano, dona de casa e moradora de uma fazenda bem no fim do mundo do Iowa, nos Estados Unidos. Numa semana qualquer, a família - filhos e marido - viaja para participar de uma feira e ela fica sozinha com seus pensamentos sobre aquela vida tediosa. Eis que no primeiro dia dessa folga, chega na cidade Robert, um fotógrafo da National Geographic, em busca das pontes cobertas locais. Ela o ajuda e eles vivem um romance, de fato, intenso."
Imagino que o filme tenha causado um burburinho nas conversas conservadoras daqueles tempos dos quais estranhamente (?) há quem esteja tentando voltar. O casal, afinal, é o símbolo do rompimento com o tradicional caso extraconjugal de maridos retratados no cinema. É ela, a dona de casa, que carrega o enredo com seu sentimento de perda. De si, do mundo lá fora, de autoestima, de sonhos, de tudo que não viveu.
"É uma vida rala, vivida pelo que não é e não pelo que é. Se você está sempre tentando fazer da sua vida o que você quer que seja, você não está realmente vivendo a vida que você tem.”, The Economist. Este trecho foi retirado da newsletter “O desapego X a saudade dos textos”, da
A vida está passando