Sem política, somos frágeis
apesar do desalento, é preciso seguir e abraçar o tema para não cair na derrocada
Sequer sabia o que era política quando nossa relação começou de forma tóxica. Minha avó, disruptiva como só ela, trabalhou anos como secretária de um político e médico e com isso sabíamos de bastidores e do tempo que vovó não tinha para viver com qualidade. Minha mãe era funcionária pública de um município pequeno nos anos 1990. Salários atrasavam, o espaço de trabalho não era bem cuidado e as relações eram difíceis. Meu pai participou do movimento democrático, se envolveu de forma direta com cargos e eleições, se decepcionou e se afastou. Sendo assim, odiei o tema na infância e na adolescência.
Mas, a fruta não cai longe do pé, como dizem. Até porque as árvores reclamavam, mas debatiam em torno do assunto com frequência. Inclusive, minha avó, este ano, estava nas ruas da cidade em que ela morou 40 anos, acompanhando as eleições praticamente ao vivo. Está no sangue. Nós convivíamos, eu e minha irmã, com ciência social, economia, filosofia e geografia em conversas de almoço. Somos filhas de dois intelectuais, podemos dizer. Então, mesmo na época em que eu escrevia sobre moda, a tal política se enfiava no meio. O tema do meu trabalho final na graduação de jornalismo foi Moda na periferia. Não sou dada a enxergar os micro temas sem analisar o macro e vice versa.
Já adulta, contra todas as minhas previsões e planos de vida, trabalhei em campanha eleitoral e em projetos públicos, por essa razão fiz uma pós em Marketing político em 2012. Acabei me surpreendendo com a prática, adorava a adrenalina do trabalho e ainda tive a sorte de estar com equipes incríveis e com pessoas admiráveis. Sai de cena porque a parte ruim pesava muito e me faltou estômago ou porque o destino na escrita já estava traçado, vai saber.
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