Quero ser feliz agora
A longevidade na série documental "Como viver até os 100 anos" e a vida que temos hoje
Não tenho medo de morrer. Chegar do outro lado, se é que ele existe, deve ser uma coisa bem doida, meio Matrix (se você é de outra temporada, me refiro ao filme Matrix). Mesmo com estranheza, me parece só mais um passo de uma existência com ciclos infinitos. Meu maior temor é mais egoísta. Não quero ser a última, nem perder minhas pessoas e nem ter de lidar com uma dessas dores ainda jovem. Não é a solidão que me assombra, é viver o sofrimento nessa condição, sem quem sempre me deu as mãos e o ombro.
O meu segundo maior receio, em termos de morte e vida, é viver sem qualidade. Com isso, quero dizer, estar aqui sem saúde, sem forças, sem vontade, sem me divertir. Talvez por isso pouco me atraia o projeto "longevidade" nos moldes que tem sido discutido no senso comum. A ideia é unir os esforços para garantir uma velhice saudável, afinal, em teoria, o mundo será cada vez mais povoado por idosos e ter toda uma faixa etária precisando de muitos cuidados não é satisfatório nem para as contas dos governos nem de cada indivíduo.
O projeto faz sentido, não me entendam mal. Quero ser uma idosa plena e de cabelos coloridos. Mas, acredito que nossa ansiedade pelo futuro, seja por bem ou por mal, nos leva para um presente sem presença e isso é exatamente o que quero evitar. Mais uma vez, deixando explícito, não estou defendendo o fim do planejamento. Sou uma adepta da organização, dos sonhos e de um planner. É bom senso organizar a vida financeira, as burocracias e o cuidado necessário na velhice ou em doenças. Isso tudo é útil e responsável, principalmente entre privilegiados com poder de investimentos.
Por outro lado, se passo a vida do hoje organizando o amanhã, com mil obrigações e tentativas de controles, passo a estar aqui sem me divertir e criando pressões para além das que já nos são impostas. Nossa geração é a mais bem informada de todas e a anterior é a que acreditou que investir no conhecimento dos seus filhos era garantia de sucesso. Ou seja, saber tudo nos faria acertar sempre. Então, nos agarramos a livros, cursos e documentários para assegurar absolutamente tudo, incluindo uma velhice saudável.
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