Junho é o mês das festas juninas, o que no meu “país” Pernambuco significa celebrar os santos (Antônio, João e Pedro) com festa, forró e comida boa - escrevi sobre as festas e a saudade neste post do Instagram. Nesta temporada, a arte que me toca vem muito desse lugar. A playlist do banho se torna a das músicas forrozeiras, bandeiras e estampas típicas de tecido de chita passeiam pela memória e pela mesa posta, leio sobre Gonzaga e outras figuras épicas, pesquiso sobre as diferenças das regiões nas receitas. Mesmo longe, deu para aquecer o coração com as festinhas cariocas e ainda mais depois de receber um vídeo de vovó dançando no meio do salão enquanto comia um pedaço de cocada (parece que tenho muito DNA dela risos).
Também mergulhei nas obras do clube Tempo para você. Não vou fazer resenha delas porque isso é exclusivo para os assinantes premium, mas gostaria de reforçar aqui a sugestão. O documentário Racionais das ruas de São Paulo pro mundo (2022) é uma aula sobre a cultura musical e o racismo e a cidade de São Paulo com direito a uma linha do tempo dos anos 1980 até hoje. O livro O cortiço (1890) precisa ser lido ainda que cheio de incômodos de linguagem e conceitos - leia-se frases racistas e misóginas em muitas páginas - para que a gente não esqueça que o Brasil precisa de muito esforço ainda para ser um país justo.
Agora, vamos à lista?
Li A vergonha (1997) de Annie Ernaux porque estou estudando a autora e estou fazendo isso justamente porque estou encantada por sua escrita e sinto que tenho muito a aprender com ela. Mas, não se preocupe. Se você é uma leitora (or) que apenas quer se divertir e mergulhar numa boa história, Ernaux é apaixonante também. Para primeira leitura, recomendo Paixão simples (1991) e como segunda O acontecimento (2000). A vergonha pode ir mais para o fim da fila. O livro retoma sua infância, os costumes religiosos, a vida meio interiorana na França no pós guerra e, na camada mais profunda, está o dia que seu pai ameaça agredir sua mãe e ela presencia a cena com apenas 12 anos. Tem nas entrelinhas uma pauta sobre relacionamentos, famílias, conservadorismo, hipocrisias e também a vida íntima de um casal que passa por muitos altos e baixos mesmo que você seja dos melhores seres humanos. Cru e delicado ao mesmo tempo, ótima leitura.
Estou lendo ainda o Razões para continuar vivo (2015), do Matt Haig, mas já deixo a dica porque está realmente fantástico. Matt tem uma habilidade admirável para descrever as sensações de quem está passando por um transtorno mental, dos mais leves aos mais complexos. Tendo ele mesmo diagnósticos difíceis, o livro é um relato da vida de quem está tentando ser funcional em um mundo desenhado para pessoas automatizadas, além de ser uma dose de esperança. “Se algum dia você pensou que o desejo de uma pessoa depressiva é ser feliz, está enganado. (…) Quer apenas ausência de dor.”, trecho da leitura. Não é fácil se desnudar da forma que ele faz. Recomendo, inclusive, para saudáveis com amigos ou familiares passando por esses problemas. É uma forma de compreender melhor seus afetos. Já li e indiquei aqui outro título dele, o Observações sobre um planeta nervoso (2018), também muito bom. Nunca li suas obras de ficção, se alguém leu deixa nos comentários a avaliação?
Finalmente dei o play em Ted Lasso (Apple +), já dei boas risadas e estou com altas expectativas dado que séries leves sem apelar para coisas bobas ou piadas ruins é uma raridade. Você já viu? Me sinto a última dos moicanos começando agora.
A beleza e a crueza dessa publicação da
na sua Alcateia é de paralisar os sentidos e isso é um talento de poucos escritores.
A sensibilidade de
contando na Queria ser grande mas desisti sobre traumas e a perda do pai na infância me trouxe reflexões importantes sobre lutos e as coisas que colocamos embaixo do tapete.
Pharrell Williams estreou como novo diretor criativo da Louis Vuitton, em Paris, e foi um escândalo. Além do desfile belíssimo, a humildade do artista era notável. Não deve ter sido fácil criar tendo sido questionado desde a ocupação do cargo. Quando vi as imagens, me lembrei imediatamente da frase do James Baldwin: "E o mundo jamais voltou a ser branco.". Neste post da Vogue tem algumas curiosidades e aqui tem a análise da jornalista Luanda Vieira.
Este poste de Thaysa sobre “quem gosta de miséria é intelectual, pobre gosta de luxo” é necessidade básica.
Aproveito para contar aqui que no mês que vem comemoramos um ano de newsletter!!! Para comemorar, todo conteúdo de julho será aberto a todos os assinantes, assim como a participação no clube TPV. Então, se você quer conhecer, essa é a chance. Vamos ler o Amanhã teremos outros nomes (2021), do argentino Patricio Pron, que já foi traduzido para 12 idiomas, e o tema da discussão será: amor contemporâneo. Gostaram?!
Bom finzinho de junho com muitas delícias juninas e com essa música para dançar agarrado com seu amor ou sozinha ou quem quiser. Vai ver junho com dia dos namorados e o forró foram as influências para minha escolha do tema de julho haha. Que bom, nos resta amar.
Um beijo,
Gabi
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Queria pular fogueira contigo num arraia!
Que edição mais linda, um texto delícia, com indicações ótimas, obrigada por esta edição Gabi ❤️