Podemos brilhar os olhos de novo
O ano começa a ir embora e já me vem uma vontade de renascer das cinzas
Dois mil e vinte e dois está se despedindo e minha sensação é de que há no ar uma vontade de recomeço. Consigo sentir como aquela chuva fininha que não é chuva, é umidade, na pele. Ando na rua e me parece que mesmo os insatisfeitos estão inebriados nessas gotículas de expectativa pelo que está por vir.
Não é à toa. Esta época nos dá naturalmente um respiro de renovação. Mas, este ano tem outros temperos. Tivemos algumas conquistas políticas, há possibilidade de levar o hexa na Copa, o sol está aí e o verão se aproxima. Me animo só de pensar no biquíni que me espera na gaveta há meses. Outro dia acordei feliz porque lembrei que está chegando o Natal e nesse pacote tem chocotone, confras e alegrias à toa.
Faço planos. Compro ingressos de shows que me deixam em êxtase. Escolho as cores do meu réveillon. Tenho fé. Sonho. Por uns minutos receio acreditar em tudo isso. Sigo o baile, ignorando algumas notícias. Outras não tanto. Perco um pouco da esperança. Estamos cansados. Talvez tudo tenha mudado, talvez nunca mais seja como antes, talvez nunca tenha sido como achávamos que era.
Sinto receio de acreditar de novo e ser trapaceada por uma pandemia ou qualquer outra rebelião do destino. Um trauma que pode nunca ser superado. E se não o debelar, vou considerá-lo como aprendizado para dar menos peso. Pouco importa como o chamo neste momento. Sei que a otimista que há em mim dá sinais de recuperação, mas com outra face. Mais rugas, sem dúvidas. Respiro aliviada por, apesar de tudo, ela não só ainda existir como conseguir juntar em um corpo só um encantamento pela vida e um olhar mais maduro, menos inocente. Se vai durar ou dar certo, não sei.
Seja como for, dois mil e vinte e três não vai esperar a gente ficar aperfeiçoando quinas e arestas para começar. E é exatamente disso que precisamos, um ano novinho sem qualquer vergonha de nos empurrar para frente com medo mesmo (confesso, ainda está aqui). Fecho os olhos e imagino os novos fragmentos que me aguardam. Gargalhadas. Umas lágrimas, aprendi que importam. Brindes. Emoção. Escrita. Abraços. As marcas das dores dos últimos anos dizendo “não vou te deixar, mas te permito seguir esperançosa, mais forte e mais atenta ”.
Entendo. Já é tempo de voltar a brilhar os olhos.
Esta música está na minha playlist cujo título é 2022. Quando a adicionei torci para chegar o momento em que eu conseguisse cantar realmente vendo o céu azul a frente. Cá estou me dando essa chance.
Dia 08 de dezembro vai chegar no seu e-mail uma novidade sobre a Tempo em 2023. Espero que você goste, foi criada com muito carinho.
Semana que vem, na tradicional segunda-feira, tem ensaio sobre rituais e o mês de dezembro, por que repetimos tudo todo ano?
Uma dica de leitura para este mês: Uma canção de Natal, do Charles Dickens. Li ano passado no clube do livro Chicas. Tem seus clichês, mas é especial conhecer ou reler nessa época. Neste clima de festas, tem minha pasta no Pinterest com imagens inspiracionais para celebrações intimas (amo! nosso Revéillon, por exemplo, é sempre a 2) ou não e esta minha playlist que vai de Coldplay a Kyile Minogue com boa dose de John Legend. Sim, sem duvidas sou entusiasta de dezembro. haha
Um mês alegre para nós.
Um beijo,
Gabi
Que delícia de texto! Apaixonados por dezembro, uni-vos! <3
Gabi, I Can See Clearly Now foi minha música quando engravidei de novo, e desde então é a melhor energia que consigo imaginar. Amo!!!