O ontem da minha mãe e meu hoje
Talvez eu esteja na metade da vida. Completo 36 anos em alguns dias e creio que o dobro, 72, seja bastante tempo neste solo. Espero ter estadia até pelo menos a expectativa de vida brasileira, 79 para mulheres, com energia e saúde. Independente do meu desejo, não sei quantos anos terei pela frente, não só por esse ser o maior mistério da existência como também pela força das mudanças climáticas neste planeta. Confiando na nossa sobrevivência, "posso estar no meio".
Essa reflexão foi efeito de uma incumbência recebida na terapia mês passado. Não foi uma tarefa qualquer nem rasa nem simples dado que surgiu porque comentei ter visto uma foto da minha mãe já carregando seus 36 e duas filhas ao lado. Eu tinha 14 anos, minha irmã 8. Foi estranho estar às vésperas da idade da minha genitora em uma foto com ares de "recente". A vi e lembrei que exatamente naquela época ela precisou tirar licença do trabalho para tratar o que chamaram de estresse e síndrome do pânico. Hoje seria burnout. Não tão diferente de mim quando estava com 34. Aliás, eu tinha muito menos pressão e trabalho pois não tinha (e ainda não tenho) filhos e tive bem menos sintomas. Por outro lado, sou autônoma e ela era funcionária pública. Bem… cada um com sua cruz e essa frase poderia muito bem ter saído da boca dela.
Já eu posso dizer, aí vem da minha boca mesmo, que essa cruz na verdade não é individual e sim de todas as mulheres. Todas cansam em algum momento e não estou catastrofizando, infelizmente.
Distante, mas nem tanto
Na minha existência pessoal, até aqui, ano do 36, nunca tinha olhado com atenção para o tema da longevidade e, apesar da terapia, também nunca tive muito apreço por olhar o passado. A pesquisadora em mim pesca a História quando encasqueta com algum assunto, mas, pelo visto, se distancia do meu eu no campo individual. Talvez pelo futuro parecer distante demais e os anos anteriores, os do aprendizado, dolorosos, apenas seguia a lógica do bem viver fazendo exercício, me alimentando de forma saudável e todo pacote "saúde" e “namastê” do século XXI. Todas essas escolhas pensando no agora, confesso.
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