Na madrugada tem se dividido em três partes, às vezes duas. Antes da meia noite estou dormindo. Por volta das duas da manhã, levanto para fazer o primeiro xixi. Se repete pouco antes das cinco, aí levanto e faço de novo e na volta fico esperando a hora do remédio tocar no celular. Tomo o comprimido e tento dormir mais um pouco. Às vezes, entre as 5h e as 7h tenho sonhos intensos e malucos. Levanto com o sol alto no céu. Por incrível que pareça ainda há mais urina para sair de mim. Chego na sala com sono e com fome, hora do café da manhã. O relógio segue esta toada todas as noites há poucas semanas.
Antes disso ainda não sentia a bexiga pressionada pelo útero expandido. Acordava no meio da noite por outro motivo: a fome. Ou simplesmente despertava como se já fosse manhã. Não se deixe enganar, não se trata de energia extra essa história de acordar disposta de madrugada. No outro dia, seu corpo te entrega o preço e você paga sem nem ter pedido por tal feito.
Planejo a semana. Anoto pautas. Organizo a agenda já pensando no meu novo relógio. O biológico dos dois corpos. Não tenho mais espaço para mil tarefas em um único dia. Preciso de respiros. Agendo tudo que é necessário calculando as horas de sofá milimetricamente. O corpo, no entanto, se impõe ao ritmo independente do meu desejo. O descanso sempre vence. A fome, o xixi, o lazer também.
Há um tempo atrás, poucas semanas, fomos ao samba. Perto de casa, coisa de 15 minutos. Me arrumei com vontade de deitar na cama e deixar essa ideia de lado. Persisti. Foi bonito. Dancei, cantei, me diverti. Depois passei três dias recuperando os músculos e o fôlego. Não sou mais a mesma. Na academia, passo mais tempo fazendo um treino mais suave que o anterior.
O tempo dividido em três partes na madrugada faz meu sono reparador ser uma utopia. Cochilo a tarde contra a minha vontade natural. Sempre detestei a tal soneca. Agora, no entanto, meu ritmo é outro e não mando em mais nada. Outro dia, fiz uma meditação específica para gestantes e no áudio, a guia fala sobre estar a serviço. Nunca tinha pensado nisso e nem mesmo cogitado que sentiria o peso de não ser a própria prioridade quando duas vidas ocupam o mesmo corpo.
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