Naquela sexta-feira, uma como outra qualquer, fui ao salão de beleza à tarde para fazer as unhas e a sobrancelha. Essas idas ao salão são uma dondoquice que aprecio e me dou direito, me sinto vivendo um momento inteiramente meu. Então, lá estava me deleitando enquanto minhas unhas eram pintadas num tom de goiabada, quando ouvi duas amigas conversando ao meu lado. Tinham ido juntas e papeavam sobre bolsas e roupas e lugares legais. Essas coisas que a gente conversa, entre amigas, sabe-se lá porquê e nem quero aqui questionar.
Ouvir esse papo me fez ter saudades de Recife. Onde eu tinha esses papos numa sexta-feira. Ou outro dia qualquer que houvesse tempo. Me lembrou uma cena de Sex and the city, a série, quando Carrie vai morar em Paris com aquele russo chato e passa na frente de um café com janelas de vidro. Ela fica observando amigas conversando e sentindo saudades até ser flagrada e sair constrangida.
Meu marido é o oposto do russo chato, não estou em Paris e não sou sem amigas em São Paulo (inclusive, obrigada pela acolhida). Tenho aqui desde prima - conhecida desde o nascimento - até recentes encontros - onde a intimidade ainda se constrói. Mas, poucas têm uma rotina freelancer como eu, com mais flexibilidade e no meu caso tempo e também menos dinheiro, sem glamour aqui. Haha Enfim…
Foto: Google Imagens. Cena da 6 temporada de Sex and the city, Paris.
Naquela sexta-feira, como outra qualquer, o universo parecia me provocar ou eu estava mais atenta porque uma grande amiga tinha vindo visitar e voltado há pouco tempo. No retorno para casa, passei por um grupo de amigas caminhando e conversando animadas e também fiquei sentida. Para completar, no salão, descobri que tinha um pêlo branco na minha sobrancelha. Considerei isso um absurdo para quem viveu 34 anos, mais uma dondoquice.
E não tinha nem como tomar um drink no happy hour de fim de tarde como era o costume nas terras recifenses. Cheguei em casa, fiz um café e uma cobertura de brigadeiro para o bolo que deixei pronto de manhã para não borrar as unhas à tarde. Comi pensando em como é difícil quando a vida está na fase dos começos. Também é bom, tem gosto de aventura e não estou em sofrimento. Mas tem dias, como naquela sexta-feira qualquer, que eu queria mesmo era uma mesa com amigas que conhecem minha história, no meu lugar de conforto, cardápio velho conhecido, nossos drinks festivos, fofocas edificantes e desabafos da vida de uma mulher pós 30 nos anos 2020.
Não teria outra forma de terminar esse texto se não com a maravilhosidade do encontro de Gil e Caetano cantando Sampa.
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Um abraço, boa semana,
Gabi
Sinta-se fortemente abraçada. 🫶🏻
Mulher, entendo o seu sentimento e amei a "solução" de fazer um bolinho para alegrar :) Deve ser mais difícil para você que se mudou de cidade, mas sinto falta de ter mais tempo para encontrar as amigas e bater papo. Acho que de forma geral criamos uma sociedade que não nos permite esse "luxo" com a frequência ideal. Todo mundo está sempre correndo, chique é ser ocupadíssimo, e ninguem tem mais "agenda" para nada. Socorro, vamos mudar isso urgentemente.