É falta de foco ou falta de ócio?
sobre a geração com os olhos voltados para a tela e seus efeitos
O ano era 2003. Eu me entendiava como qualquer ser humano normal, especialmente os de 15 anos. Não havia celular com mil aplicativos e nem um streaming na televisão com toda programação a nosso dispor. Na nossa casa, para minha sorte e da minha irmã, havia tv a cabo. Nem sempre queríamos assistir a mesma coisa, não só pelo gosto pessoal, mas também pela diferença de seis anos de idade entre nós. Uma estava fadada a continuar no tédio ou procurar outra distração.
O que eu fazia? Era mais lícito do que as minhas escolhas de hoje, mais de 20 anos depois? Era uma pessoa mais concentrada? Mais focada? Minha única preocupação era a prova de trigonometria, manter minhas amizades e garantir roupas bonitas para as festas. Agora, com quase 36 anos, me levantei para verificar se o grão de bico estava pronto. Vai mais uns 10 a 15 minutos no fogo médio. Em 2003, não era eu que precisava garantir o cozimento de nada. Era por isso que quando sentava para estudar, realmente estudava?
Não acredito que seja apenas a minha fase de estudante a razão para minha concentração. Duas décadas atrás, no Brasil, ainda era preciso muito esforço para ter internet em casa e mais ainda para poder usar quando bem quisesse. O custo era alto. No mundo, como já sinalizei, ainda não havia rede nos celulares. Na minha vida estudantil e na vida dos trabalhadores, mesmo os de ambientes puramente intelectuais, tinha algo impensável hoje: o vazio.
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