Ri muito, chorei muito, me desorganizei com gosto e desgosto, conheci lugares novos, subi montanhas, voltei a meditar. Fiz novos amigos e encontrei algumas amigas da internet ao vivo e também através de chamadas online. As especiais de anos e anos e anos mantive com o apoio fantástico do Whatsapp e dos memes de Instagram. Posso afirmar: 2023 foi o ano das amizades na vida adulta. Arrasei e recomendo, não se acomodem neste assunto.
Li livros grandiosos onde me encontrei viva e pulsante. Abandonei uns outros tantos. Escrevi páginas e páginas que um dia serão meu livro. Fui no show do Emicida em janeiro e comecei o ano com o coração cheio de esperança. Cozinhei mais. Voltei a ter pele bronzeada. Mudei de cidade e estado. Vi filmes novos e, como de costume, revi bastante outros. Este mês estamos no "festival filmes de Natal" e estou me divertindo horrores.
Completei mais 12 meses desta newsletter entregando conteúdo semanalmente. Salvo raras exceções. Estamos com quase 1500 assinantes e entre eles tem algumas dezenas na categoria paga. Nem acredito! Saiu texto meu em livros impressos, de verdade. Eu chorei quando chegou aqui. Tomei drink de cacau na Bahia. Comi moqueca, claro. Almocei açaí no Rio. Estou contando as horas para todas as comidas do meu Recife.
Me frustrei em muitas coisas. Viagens não rolaram. Gastamos horrores nesta cidade exorbitante em beleza e custo. Me senti incompetente. Tentei coisas profissionais que não funcionaram. Me decepcionei com uns e outros; como isso ainda dói, mesmo sabendo que ser humano tem isso no pacote. Me preocupei, às vezes à toa, às vezes não. Segui obsessiva com minhas abas abertas. Tive covid (será isso o novo normal?).
Nesta semana, na terapia, com toda esta análise de 2023 no meu radar, consegui chegar em algo muito bonito. Pela primeira vez me senti em paz com meu eu confuso. Isso me deu uma liberdade imensa para me emocionar e me permitir. Não que antes eu não me permitisse a emoção, sempre fui encantada por tudo ao meu redor. Na pandemia, percebi a duras penas que eu não me emocionava comigo. Como se eu não fosse uma paisagem bonita graças as minhas arestas. Pois bem, cheguei… “quero ficar bem à vontade/ Na verdade, eu sou assim/ Descobridor dos sete mares/ Navegar eu quero”, Tim Maia.
Não seria possível alcançar o tal mérito de estar confortável comigo - e vos digo: não é para sempre, temos altos e baixos - sem anos de terapia, pensando de forma prática. Mas, sendo eu, sei também que não conseguiria nada disso sem os livros, os filmes, os passeios, os amigos, as aulas, meu amor, minhas ferramentas de apoio e minha idade.
Por isso, hoje entrego a minha lista de melhores do ano e tem de um tudo, tá? Afinal a vida emociona através de todas as possibilidades.
Livros
Humanos exemplares, Juliana Leite. Falei dele mil vezes, livro brasileiro, com cenário local, sobre envelhecer, solidão, amor, intensidade. Lindo demais. Me lembrou a narrativa do Violeta, da Isabel Allende.
Eu, Tituba: bruxa negra de Salém, Maryse Condé. Não tenho adjetivos para esta leitura mágica. Condé reescreve a história das bruxas de Salém trazendo uma narrativa com dados reais e outros criados para dar voz à personagem negra Tituba. Arrebatador.
Esperando Bojangles, Olivier Bourdeaut. Me surpreendeu, me pegou e virou do avesso. Muito bonito. Um livro sobre questões psiquiátricas, infância e imaginação. Não falo mais para não dar spoiler e isso é muito importante nesta leitura. Ps: pode ser sensível para quem está passando por algum transtorno mental latente.
Cartas a uma negra, Françoise Ega. A autora deste livro descobre a existência da brasileira Carolina Maria de Jesus em uma revista literária francesa. Isso desperta nela a vontade de escrever e assim nasceu esta obra. Ega relata nas suas cartas, nunca enviadas, para Carolina sobre sua vida como uma mulher negra na França na década de 1960.
Afetos ferozes, Vivian Gornick. Dos últimos que li este ano e minha nossa! Na obra autobiográfica, Gornick traz ao leitor relatos sobre sua relação com a mãe e com isso perpassa em outras questões como: amor, feminismo, família, judaísmo e amizade. Belíssimo!
Pedi dicas ao meu marido porque ele lê estilos diferentes dos meus e vai aumentar o repertório para vocês. As dicas dele: 1. Admirável mundo novo (1923), um clássico do Aldous Huxley e ótima pedida para quem curte ficção científica e distopia. 2. Nunca (2021), do Ken Follett, para quem curte suspense e política misturados e 3. Amigos, amores e aquela coisa terrível (2023), do ator Matthew Perry, Chandler da série Friends, que faleceu recentemente. É uma autobiografia emocionante sobre esperança, amor e sua luta contra o vício em drogas.
Filmes
Tenho sérios problemas em lembrar quais filmes vi no ano corrido. Tento anotar, como faço com os livros, mas esqueço inúmeras vezes e acabo me perdendo. Então, dentre os que lembrei e me marcaram, cá estão:
Pamela Anderson - uma história de amor (Netflix). O documentário me emocionou diversas vezes. Pamela se realiza no trabalho, cuida dos filhos tão sonhados, batalha pelas suas causas, abraça projetos novos. Inquieta e sensível, a sua ideia é nos contar sua versão dos fatos e expor como é difícil ser mulher nesse mundo - ainda mais nos anos 1990; conseguiu. Por tabela, mostrou que é sempre tempo de recomeçar, de se refazer, de amar de novo, de aprender.
Elementos (Disney). Assisti recentemente e terminei pensando no quanto é importante para os nossos tempos, especialmente se a gente considerar que animação captura o público infantil. Os temas diversidade, amor, família e identidade são tratados de uma forma diferente ao nos fazer refletir sobre a inutilidade de colocar pessoas em caixas. Gostosinho, divertido e ótima pedida para as férias.
A viagem (Amazon Prime). O filme é de 2013 e foi dirigido pelas irmãs Wachowski, as mesmas roteiristas e diretoras de Matrix (1999). A história se desenrola em várias linhas do tempo ao longo de cinco séculos e se entrelaçam uma com a outra mostrando como nossas escolhas impactam o futuro. Poderia ser menos longo, mas achei super compatível com nosso momento de planeta e humanidade.
Oppenheimer (para alugar Apple + e outros). Polêmico, eu sei. Longo também. No entanto, é um filme importante para analisarmos a histórias de todos os lados. Inclusive, apesar de ser sobre a II Guerra Mundial, é um roteiro relevante para este momento de tantas revoluções tecnológicas. Até que ponto deve ir uma pesquisa científica? É antiético tomar determinadas decisões? O fato de acreditarmos no nosso controle nos leva a complicações quando tudo sai fora da rota? Parece simples decidir essas coisas, não é. Avanços na ciência que nos beneficiam muitas vezes têm lados desafiadores. Enfim… vale assistir e se abrir para refletir o tema com menos julgamentos.
Retratos fantasmas (Netflix). O diretor Kleber Mendonça Filho é meu conterrâneo e tem uma história com o cinema de muitos anos. Começou a produzir seus filmes na sala de casa lá nos anos 1990 e chegou aqui, em 2023, com esta obra indicada ao Oscar de filme estrangeiro. O roteiro é lindo, como uma crônica filmada, e ainda te leva pelas ruas do Recife. Uma delícia para assistir nas férias e com a companhia de crianças e adolescentes para que conheçam a nossa história. Foi muito gostoso assistir minha cidade.
Menção honrosa ao documentário Racionais MC's e a série documental Da África aos EUA, ambos se tornaram referências em textos por aqui.
Bem estar e saúde:
Dica real oficial: encontre favoritos saudáveis no Ifood. Para quem está no Rio e São Paulo, amo o Olga Ri. Você pode montar a salada ou escolher uma já indicada por eles. Uma delícia e mantém nossa saúde em dia.
Neste verão de aquecimento global: mantenha água de coco na geladeira assim como frutas leves como lichias, laranjas e o que tiver na época, além de sucos coloridos com acréscimo de vegetais como beterraba ou couve.
Exames de sangue anuais: já fez seu checkup? Não foge, hein? Seu cansaço, dificuldade de concentração e outros perrengues podem ser resolvidos com vitaminas ou outras ausências.
Os exames de imagem e de rotina também: ultrassom, preventivo uterino, próstata e mamografia para quem precisa e afins.
Saia de casa!! Recebemos essa dica como recomendação médica e foi muito útil. O cérebro não entende relaxamento e diversão quando fazemos absolutamente tudo dentro do nosso lar. Respeite sua introspecção, mas não se feche na concha. Uma voltinha no bairro já conta.
Tempo para você
Caminhar na rua é uma forma de estar com você! Não precisa de desculpa, mas se precisar, antes de entrar no mercado, dá uma volta no quarteirão andando.
Se joga em um hobby que te faça feliz. Uma amiga está em aulas de vôlei e se enturmou com novas amigas e ainda se diverte. Outras ideias: clube do livro, crochê, pinturas, andar de bicicleta, pesquisar sobre moda, cinema, artes em geral…
Prioriza 5 minutos para respirar sozinha/sozinho todo dia, por favor!
Pausa das redes sociais por uns dias. Pretendo fazer isso no meu recesso.
Novidade (se você é assinante premium, já deve ter visto!)
Eu, Gabi Albuquerque, além de ser jornalista e escritora, também sou professora. Ensino a alunas e alunos a planejarem e executarem seus projetos, incluindo relacionados à vida acadêmica e empreendedorismo, metas anuais, rotinas mais saudáveis e o que mais você sentir que merece ter mais organização. O nome desta newsletter não é à toa, afinal basicamente, minhas aulas são sobre o Tempo para você e seus sonhos.
Foram quatro anos de inúmeras turmas, tanto criadas por mim quanto por empresas e organizações não governamentais, e também alunas/os que vieram para fazer no modelo personalizado. Pausei este serviço no ano que entrei numa fase sabática, em 2021, por razões descritas na newsletter da semana passada.
Recuperada e renovada, estou de volta. Dessa vez, para conseguir alinhar com outros projetos, abri vagas apenas para os planejamentos personalizados, tanto individuais quanto para empresas ou grupos fechados por terceiros.
Tem todos os detalhes aqui: aulas de planejamento (adicionei na barra fixa do substack). Para contratar, me manda um e-mail: oi@gabialbuquerque.com. Não vou divulgar por agora em redes sociais e depois será aos poucos. Nada contra marketeiros. É só a minha busca por um novo jeito de fazer meu trabalho, algo que não me machuque. Se você puder e quiser, pode divulgar compartilhando a notícia por aí. Em janeiro, publico no Instagram oficialmente.
Espero te ajudar a encontrar realização e presença.
Entrarei em recesso de fim de ano hoje e volto em janeiro, dia 15/01. Se você quiser contratar um dos meus serviços ou tirar dúvidas, entre em contato pelo e-mail oi@gabialbuquerque.com Vou verificar a caixa de tempos em tempos. O prazo de resposta estará mais lento até o dia 08/01. :)
Obrigada pela companhia em mais um ano, estou muito feliz com o que a Tempo para você está me trazendo. Ganhei amigos, afetos, feedbacks valiosos, espaço para desaguar minhas palavras com confiança, muito acolhimento e até uns dinheiros. Desejo um Natal, para quem é de Natal (e um feriado para quem não for), especial e cheio de amor e um novo ano de realizações, novos sonhos, leituras boas e muita saúde.
Até 2024.
Um beijo,
Gabi
Adorei as dicas, já anotei! E eu amei o documentário dos Racionais! Incrível o poder da arte! Boas festas, Gabi!
Amei o seu resumo e as dicas de leitura, já anotei umas aqui, vamos comentar! Estou contigo nas ideias de valorizar as amizades e de lembrar de sair de casa!!!